segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Compreensão oral - texto

Para confirmares as tuas respostas ao teste de compreensão oral, podes ler aqui o texto na íntegra. 

Há muitos, muitos anos, quando a Península Ibérica pertencia aos Visigodos e era um único reino cristão, os Mouros dominavam o Norte de África.
Segundo a lenda antiga, um conde Visigodo de nome Julião tornou-se governador da cidade de Ceuta, no Norte de África. Apesar de viver rodeado de Mouros, não tinha problemas, pois soubera aceitar as leis da terra e entender-se com o emir. Pagava os seus impostos, respeitava os vizinhos, evitava conflitos.
O conde Julião tinha uma única filha, uma bela rapariga a quem dera o nome de Florinda. Quando ela chegou à idade de casar, resolveu enviá-la à corte do rei Rodrigo para passar uma temporada na cidade de Toledo, conhecer outras maneiras de viver, fazer amizade com jovens cristãos. Naturalmente esperava que o rei lhe arranjasse um noivo conveniente, um rapaz novo, bonito, fidalgo e de preferência rico…
Acontece que o rei Rodrigo ficou deslumbrado com a beleza de Florinda e, em vez de lhe procurar noivo,  ficou com ela para si. A notícia depressa se espalhou e chegou aos ouvidos do conde Julião, que quase rebentou de fúria. Não podia acreditar que o rei tivesse faltado ao respeito à filha que ele tanto amava e que enviara para o palácio com toda a confiança. Dia após dia remoeu ódios, planeando vinganças.
Nesse vaivém as ideias iam-se tornando cada vez mais agressivas. Queria estrangular o rei, incendiar-lhe as florestas, destruir-lhe o palácio, mas ainda não era suficiente. A sua filha, a sua linda filha criada com tanto carinho, uma rapariga sem maldade alguma, fora vítima do homem que devia protegê-la… Só mesmo arrasando o reino se sentiria vingado!
Segundo esta antiga lenda, foi o conde Julião quem convenceu os Mouros a invadir a Península Ibérica. E ele próprio se armou até aos dentes, fazendo questão de acompanhar o chefe Mouro Tarik para o ajudar na luta contra os Cristãos. Terá, pois, participado no desembarque, na invasão e na sangrenta batalha de Guadalete, a 19 de julho do ano 711, em que se decidiu o destino da Península Ibérica para os séculos seguintes.
Os Mouros obtiveram uma vitória retumbante e em cinco anos apoderaram-se praticamente de toda a Península. Os Cristãos refugiaram-se nas Astúrias, chefiados pelo príncipe Pelágio.
Quanto ao conde Julião, nada mais se soube a seu respeito. E quanto a Rodrigo, há duas versões. Os Mouros garantem que ele morreu na batalha de Guadalete. Os Cristãos afirmam que, embora ferido, Rodrigo se refugiou nas serranias da antiga Lusitânia, na região de Viseu, onde os Mouros não conseguiram entrar durante muito tempo.
Ana Maria MAGALHÃES e Isabel ALÇADA (2001). Portugal – história e lendas. Alfragide: Caminho

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