Para confirmares as tuas respostas ao teste de compreensão oral, podes ler aqui o texto na íntegra.
Há muitos,
muitos anos, quando a Península Ibérica pertencia aos Visigodos e era um único
reino cristão, os Mouros dominavam o Norte de África.
Segundo a
lenda antiga, um conde Visigodo de nome Julião tornou-se governador da cidade
de Ceuta, no Norte de África. Apesar de viver rodeado de Mouros, não tinha
problemas, pois soubera aceitar as leis da terra e entender-se com o emir.
Pagava os seus impostos, respeitava os vizinhos, evitava conflitos.
O conde
Julião tinha uma única filha, uma bela rapariga a quem dera o nome de Florinda.
Quando ela chegou à idade de casar, resolveu enviá-la à corte do rei Rodrigo
para passar uma temporada na cidade de Toledo, conhecer outras maneiras de
viver, fazer amizade com jovens cristãos. Naturalmente esperava que o rei lhe
arranjasse um noivo conveniente, um rapaz novo, bonito, fidalgo e de
preferência rico…
Acontece que
o rei Rodrigo ficou deslumbrado com a beleza de Florinda e, em vez de lhe
procurar noivo, ficou com ela para si. A notícia
depressa se espalhou e chegou aos ouvidos do conde Julião, que quase rebentou
de fúria. Não podia acreditar que o rei tivesse faltado ao respeito à filha que
ele tanto amava e que enviara para o palácio com toda a confiança. Dia após dia
remoeu ódios, planeando vinganças.
Nesse vaivém
as ideias iam-se tornando cada vez mais agressivas. Queria estrangular o rei,
incendiar-lhe as florestas, destruir-lhe o palácio, mas ainda não era
suficiente. A sua filha, a sua linda filha criada com tanto carinho, uma
rapariga sem maldade alguma, fora vítima do homem que devia protegê-la… Só
mesmo arrasando o reino se sentiria vingado!
Segundo esta
antiga lenda, foi o conde Julião quem convenceu os Mouros a invadir a Península
Ibérica. E ele próprio se armou até aos dentes, fazendo questão de acompanhar o
chefe Mouro Tarik para o ajudar na luta contra os Cristãos. Terá, pois,
participado no desembarque, na invasão e na sangrenta batalha de Guadalete, a
19 de julho do ano 711, em que se decidiu o destino da Península Ibérica para
os séculos seguintes.
Os Mouros
obtiveram uma vitória retumbante e em cinco anos apoderaram-se praticamente de
toda a Península. Os Cristãos refugiaram-se nas Astúrias, chefiados pelo
príncipe Pelágio.
Quanto ao
conde Julião, nada mais se soube a seu respeito. E quanto a Rodrigo, há duas
versões. Os Mouros garantem que ele morreu na batalha de Guadalete. Os Cristãos
afirmam que, embora ferido, Rodrigo se refugiou nas serranias da antiga
Lusitânia, na região de Viseu, onde os Mouros não conseguiram entrar durante
muito tempo.
Ana
Maria MAGALHÃES e Isabel ALÇADA (2001). Portugal
– história e lendas. Alfragide: Caminho