AUTORRETRATO DA ÚRSULA
Tenho de
confessar que sou feiota. Sou alta de mais para os meus 14 anos, o que faz com
que a malta toda lá da escola comece com aquelas graças parvas, "então como
está o tempo lá em cima?", "quando chegares cá abaixo fecha o para-quedas",
coisas assim, vocês sabem …
Tenho
óculos graduados, tenho a mania dos livros e, sobretudo, do teatro, que vai ser
a carreira em que vou brilhar para o resto da vida. Nada me dá mais prazer do
que decorar tiradas enormes das peças e depois dizê-las diante do espelho, mãos
para cima, mãos para baixo, mãos a bater no peito, mãos a bater na testa,
desmaios q.b. (este q.b. quer dizer "quanto baste", e aprendi no livro de
receitas da minha mãe, o que prova que em toda a parte se aprende…)
Devo
ainda dizer que não sou lá muito simpática. Quer dizer: não sou daquelas que
por tudo e por nada (quase sempre por nada) andam às festinhas, aos beijinhos, "ai
que linda que tu és", "ai eu gosto tanto de ti", (…) coisas assim. Não, isso
realmente não sou.
Alice Vieira, Úrsula a Maior (texto adaptado)
Quando pretendemos descrever alguém, costumamos caracterizar os aspetos físicos (olhos, cabelo, estatura, nariz...) e os aspetos psicológicos (temperamento, sensibilidade, personalidade...).
Os adjetivos ajudam a caracterizar a pessoa, tornando a descrição mais interessante e rica.
O retrato ficará mais expressivo se usares:
a) Adjetivos em série| Os seus pequenos olhos azuis eram estranhos, misteriosos, profundos.
b) Adjetivos em diferentes graus| Os seus olhos eram misteriosos, muito pequenos , os mais estranhos que já vi.
c) Comparações| Os seus olhos eram cintilantes como as estrelas no firmamento, o seu rosto era arredondado e vermelhinho como uma maçã de outono, o seu cabelo era negro como a noite escura. Era meiga como um gatinho e ágil...
(livro de fichas, pag. 65,"Português 5" - Areal)
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