quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

AUTORRETRATO DA ÚRSULA



Tenho de confessar que sou feiota. Sou alta de mais para os meus 14 anos, o que faz com que a malta toda lá da escola comece com aquelas graças parvas, "então como está o tempo lá em cima?", "quando chegares cá abaixo fecha o para-quedas", coisas assim, vocês sabem …

Tenho óculos graduados, tenho a mania dos livros e, sobretudo, do teatro, que vai ser a carreira em que vou brilhar para o resto da vida. Nada me dá mais prazer do que decorar tiradas enormes das peças e depois dizê-las diante do espelho, mãos para cima, mãos para baixo, mãos a bater no peito, mãos a bater na testa, desmaios q.b. (este q.b. quer dizer "quanto baste", e aprendi no livro de receitas da minha mãe, o que prova que em toda a parte se aprende…)


Devo ainda dizer que não sou lá muito simpática. Quer dizer: não sou daquelas que por tudo e por nada (quase sempre por nada) andam às festinhas, aos beijinhos, "ai que linda que tu és", "ai eu gosto tanto de ti", (…) coisas assim. Não, isso realmente não sou.

                                             Alice Vieira, Úrsula a Maior (texto adaptado)


Quando pretendemos descrever alguém, costumamos caracterizar os aspetos físicos (olhos, cabelo, estatura, nariz...) e os aspetos psicológicos (temperamento, sensibilidade, personalidade...).

Os adjetivos ajudam a caracterizar a pessoa, tornando a descrição mais interessante e rica.
O retrato ficará mais expressivo se usares:

 a) Adjetivos em série| Os seus pequenos olhos azuis eram estranhos, misteriosos, profundos.

b) Adjetivos em diferentes graus| Os seus olhos eram misteriosos, muito pequenos , os mais estranhos que já vi.

c) Comparações| Os seus olhos eram cintilantes como as estrelas no firmamento, o seu rosto era arredondado e vermelhinho como uma maçã de outono, o seu cabelo era negro como a noite escura. Era meiga como um gatinho e ágil...

                                                         (livro de fichas, pag. 65,"Português 5" - Areal)




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