quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

ULISSES, de Maria Alberta Menéres

Estamos a ler mais um livro fantástico!



   Na  obra  ULISSES Maria Alberta Menéres narra a história do rei Ulisses que vivia numa ilha grega que se chamava Ítaca, com a sua mulher Penélope e o seu filho Telémaco
   Era um rei diferente, que gostava de caçar e de conversar com o seu povo.
   De espírito irrequieto e aventureiro, quando estava em casa só pensava em ir ao encontro de aventuras, do desconhecido pois o que o entusiasmava era o MAR…


Esta "aventura" passa-se na Grécia antiga e narra as façanhas de um chefe chamado Ulisses, que se comprometeu a resgatar a princesa Helena, que tinha sido raptada por Páris. 

No nosso dia-a-dia usamos muitas expressões relacionadas com esta história e outros factos gregos.
Queres  verificar?






Clica para abrir - PowerPoint da docente Paula Almeida


Conhece os locais por onde Ulisses e os seus tripulantes viverão uma emocionante aventura.
Explora esta animação elaborada pela prof. Cristina Costa.

Observa o mapa e verifica os locais por onde passou Ulisses e os seus marinheiros!

Boa viagem ...


animação elaborada pela prof. Cristina Costa



MARIA ALBERTA MENÉRES

O QUE ME LEVOU A ESCREVER «ULISSES»

    Começo por dizer que todas as histórias têm um princípio, todos os livros uma razão de ser, enfim, não me parece que nada aconteça inteiramente por acaso quando várias circunstâncias concorrem para o seu acontecer.

Assim à distância, posso garantir-vos que foi o Ulisses quem me salvou de uma aflição muito grande! Mas eu conto:

Em 1971, era eu professora de Língua Portuguesa e História na Escola Preparatória Pedro de Santarém, em Lisboa, quando fui confrontada com o horário que me foi atribuído: sem ter turmas definidas às quais deveria dar aulas, como normalmente, a minha tarefa era substituir os professores que faltassem nesta ou naquela turma, a fim de assegurar a permanência dos alunos dentro das respetivas salas de aula e, assim, evitar uma certa barafunda pelos corredores e pátios ...

Digam-me só: já imaginaram o que é, para os alunos de uma turma, faltar o professor que lhes ia dar uma determinada disciplina, e quando se preparavam para aproveitar o inesperado «furo» a jogar uma partidinha de futebol, ou noutro divertimento qualquer até tocar para a entrada na aula seguinte, lhes aparecer à frente uma professora que nem sequer conhecem porque não é professora deles, a dizer: - «Ora vamos lá a ficar aqui todos dentro da sala, que sou eu agora quem vos vem dar aula?»

Calculo a desilusão que deve ser.

Pois foi precisamente isto que me aconteceu. Faltou um professor de Matemática e lá fui chamada para «entreter» a turma! Quando lhes apareci à frente, nem queriam acreditar que eram obrigados a conservarem-se dentro da sala, quando lhes surgia inesperadamente uma oportunidade tão boa de se escaparem para os campos de jogos ...

Como não era professora de Matemática, não lhes podia ensinar Matemática, e a hora passou-se lentamente, conversinha para cá, conversinha para lá, à espera que o toque da campainha anunciasse o fim daquele «sofrimento» mútuo!

      Jurei a mim própria que tinha sido a primeira e a última vez que tal coisa me acontecia. Quando, logo na hora seguinte, me vieram chamar à sala de professores para ir substituir a professora de Francês de uma turma qualquer, foi com passo firme que me dirigi à referida turma e anunciei, em voz bem alta, perante o espanto geral:

- «Tudo sentado, que eu vou contar-lhes uma história: uma história muito bonita que eu sei, e que, tenho a certeza que vocês vão adorar, porque está cheia de aventuras, de coisas estranhas, de medos e mistérios:

É a história de Ulisses!»

Foi um momento mágico. Em menos tempo do que leva a contar, fecharam as pastas e mochilas e sentaram-se, ansiosos, de grandes olhos abertos à espera da história que lhes prometera; na sala, um silêncio grande, uma expectativa enorme. Era tudo o que eu mais queria: aquele era o meu público predileto. E comecei a contar a história de «Ulisses», ora com voz baixinha e misteriosa, ora fazendo realçar os pontos fortes que sentia serem de realçar. O meu amor pelo teatro estava todo ali e, como sabia a história de cor e salteado, não me custou nada transmiti-la. O certo é que, quando tocou a campainha para a saída, ninguém queria ir embora e só me pediam para acabar a história ... Como não era possível, prometi:

      «Continuo esta história quando vos faltar outro professor!

      Ora o que é que aconteceu? Aí a meio do ano letivo, era rara a turma de toda a escola que não tivesse estado comigo e com a história de «Ulisses»: E como queriam ouvir a história até ao fim, passavam a vida a pedir aos professores para faltarem ...

Na sala de professores, isto era, também entre nós, motivo de conversa e de brincadeira.
Ou seja: O Ulisses passou a ser o herói da escola.

      Do contar para o escrever, foi só um pulinho: escrevi-a tal e qual como a contei a
centenas de alunos. Por isso, ela surge com tanta oralidade, tanto «teatro», tanto entusiasmo.

 

Maria Alberta Menéres in, manual Viver e Aprender

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