Anuncio, com muita alegria, que o nosso texto "SAMIR", foi um dos selecionados pela AJUDARIS!!
Parabéns pelo vosso empenho!
Podem reler o texto :
Naquela manhã fria e teimosa, de um inverno que não se quer ir embora, Samir sentiu um arrepio estranho…
Uma aragem cortante assobiou nos seus ouvidos de criança medrosa. Algo estava para acontecer… a água do poço ficou turva de repente. Os pássaros, agitados, piavam em alvoroço e as folhas das árvores voavam para bem longe dali.
Tudo abandonava a terra de Samir.
O pobre rapaz, cheio de areia e de cortes no corpo, chorava porque não aguentava aquele ambiente de guerra e de sofrimento.Durante este tempo, Samir perdera o rasto da caravana onde a sua família viajava para escapar da guerra.
Ao longe, as carruagens dos comboios chiam nos carris. O medo que carregam quase não as deixa avançar para longe daquele sítio medonho.
Se ao menos pudesse sentir a mão da sua irmã… que saudades das brincadeiras que faziam juntos, quando corriam atrás dos cachorros vadios que passavam na rua. Adorava o cheiro da comida da mãe! Que fome lhe dava quando se lembrava das suas panquecas! Do seu pai, tem a memória dos grandes golos que lhe marcava (bem sabia que ele os deixava entrar, só para o ver feliz...).
Lembrava-se, com muita nitidez, dos passeios de bicicleta que juntos faziam pelo parque da cidade, ao domingo de manhã.
Mas tudo isso se foi… E agora?!
Está entregue à sua sorte. Sozinho, sem amigos e sem família, tem de ir para um abrigo das crianças, pois está cheio de fome e de frio.
Encostado a um canto, repara que alguém o observa atentamente e sente receio, pois conhece os rumores que circulam sobre as pessoas mascaradas daquela cidade.Todos os dias há notícias de crianças que nunca mais foram vistas… quem seria aquela pessoa misteriosa?
De repente, um assobio familiar chega-lhe ao ouvido… Estaria a ouvir bem?? De onde conhece aquela música??
Imediatamente se fez luz. Era a música com que o pai o acordava todas as manhãs quando ele, preguiçosamente, recusava levantar-se para ir para a escola.
Com o coração a bater intensamente e as lágrimas a saltarem-lhe dos olhos pergunta a medo:
- Pai...?!
A figura misteriosa levanta-se rapidamente e aperta-o num grande e longo abraço!
O pai nunca o deixaria para trás. Era a sua família.5º E - 2017